Eliseu não era um
homem comum, agora que o Espírito de Deus estava sobre ele, chamando-o para a
obra de Deus, e ajudando-o nessa obra. Você também, mestre ansioso, devotado,
dedicado à oração, não é mais um homem comum; de modo especial veio a ser o
templo do Espírito Santo. Deus habita em seu ser e, pela fé, você ingressou
numa carreira de operador de prodígios. Foi enviado ao mundo, não para fazer o
que está ao alcance dos homens, mas para fazer aquelas coisas impossíveis que Deus executa por Seu
Espírito, empregando como instrumentos os Seus filhos crentes. Você tem de
operar milagres, de fazer maravilhas. Portanto, ao recordar quem é que opera
por intermédio da tua pobre instrumentalidade, não considere a restituição da
vida a esses meninos mortos como coisa improvável ou difícil, pois para
realizá-la em nome de Deus você foi chamado. "Pois quê? Julga-se coisa
incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?”. Ao notar a maldosa
frivolidade e a obstinação que se manifestam logo cedo nas suas crianças, a
incredulidade vai-lhe sussurrar: “Poderão viver estes ossos?”. Mas a sua
resposta deverá ser: “Senhor Jeová, tu o sabes”. Confiando todos os casos às mãos onipotentes, seu dever
será profetizar sobre os ossos
secos e sobre o
vento celeste, e dentro em pouco você também verá no vale da sua visão pessoal
a memorável vitória da vida sobre a morte. Assumamos desde já a nossa
verdadeira posição, e tratemos de compreendê-la bem. Temos diante de nós
meninos mortos, e nossas almas suspiram por trazê-los de volta à vida.
Confessamos que toda vivificação há de ser realizada unicamente pelo Senhor, e
nossa humilde petição é que, se Ele nos vai usar com relação aos milagres da
Sua graça, mostre-nos o que deseja que façamos. Tudo teria corrido bem se
Eliseu tivesse lembrado que fora outrora servo de Elias, e se tivesse observado
o exemplo do seu amo a fim de imitá-lo. Tivesse feito isso, não teria enviado
Geazi com um bordão, mas teria feito logo o que por fim foi constrangido a
fazer. No primeiro livro de Reis, capítulo dezessete, acha se a história de
Elias ressuscitando um menino, e se vê aí que Elias, o amo, tinha deixado exemplo completo ao seu servo. E foi
só depois de Eliseu o seguir em todos os seus aspectos, que o poder miraculoso
se manifestou. Eliseu teria sido sábio, volto a dizer, se desde o início
tivesse imitado o exemplo do seu senhor, cujo manto estava usando. Com muito
maior ênfase posso dizer-lhes meus conservos, que será bom que nós, como
mestres, imitemos ao nosso Senhor estudando os modos e métodos do nosso Senhor
glorificado, e aprendendo aos Seus pés a arte de conquistar almas. Exatamente
como Ele, cheio da mais profunda compaixão, entrou em íntimo contato com a
nossa desventurada natureza humana, e condescendeu em rebaixar-Se à nossa
triste condição, assim devemos aproximar-nos das almas com as quais temos de
lidar, compadecer-nos delas com a compaixão de Cristo, e chorar por elas,
derramando as Suas lágrimas, se é que desejamos vê-las ressurretas do seu
estado de pecado. Somente imitando o espírito e a maneira de ser e de agir do
Senhor Jesus ficaremos sabiamente habilitados para ganhar almas para Ele.
Todavia, esquecendo isto, Eliseu quis traçar um curso por si próprio, que
exibiria com maior evidencia a sua dignidade profética. Entregou seu bordão a
Geazi e mandou que o pusesse sobre a criança, pois achava que o poder divino
era tão abundante em sua pessoa que funcionaria de qualquer maneira.
Conseqüentemente, a sua presença e os seus esforços pessoais poderiam ser
dispensados. O Senhor não pensava assim. Receio que muitas vezes a verdade que transmitimos do púlpito e sem dúvida se pode dizer o mesmo do que dizemos
em nossas classes é algo alheio a nós,
algo que está fora de nós. Como um bordão que levamos na mão, mas que não faz
parte de nós. Tomamos a verdade doutrinária ou prática, como Geazi fez com o
bordão, e a colocamos sobre o rosto da criança, mas não nos angustiamos por sua
alma. Experimentamos esta doutrina e aquela verdade, esta anedota e aquela
ilustração, este modo de ensinar uma lição e aquela maneira de entregar uma mensagem
mas a partir do momento em que a verdade que apresentamos seja uma questão
alheia a nós mesmos, sem ligação com a parte mais íntima do nosso ser, não terá
sobre uma alma morta maior efeito do que o bordão de Eliseu teve no cadáver da
criança. Lastimo dizer que muitas vezes preguei o evangelho neste lugar, seguro
de que se tratava do evangelho do meu Senhor, o verdadeiro bordão profético e,
todavia, sem resultado por não ter pregado com a veemência, com o zelo, com o
amor com que devia ter pregado! E não farão vocês a mesma confissão, de que algumas
vezes ensinaram a verdade sim, a verdade,
vocês sabem que o era a pura verdade que
encontraram na Bíblia, por vezes tão enriquecedora para as suas próprias almas,
sem que, todavia, se seguisse algum bom resultado dela? E isso porque,
conquanto tenham pregado a verdade, não experimentaram como tal em seus
corações, nem foram compassivos para com o “menino” a quem a verdade era dirigida, mas agiram à
moda de Geazi, colocando com mão indiferente o bordão profético sobre o rosto
da criança. Não admira que tenham que dizer com Geazi: “Não despertou o
menino”, pois o verdadeiro poder capaz de despertar não achou meio apropriado no
seu mortiço modo de ensinar. Não temos a certeza de que Geazi estivesse
convicto de que a criança estava realmente morta. Falou como se ela estivesse
apenas dormindo, e precisando ser despertada. Deus não abençoará aqueles
mestres que não captam no coração o estado verdadeiramente decaído das crianças
às quais ensinam. Se vocês pensam que a criança não é realmente depravada, se
vocês favorecem tolas noções sobre a inocência da infância e sobre a dignidade
da natureza humana, não deverão ficar surpresos se permanecerem áridos e
infrutíferos. Como pode Deus abençoálos no
sentido de realizar uma ressurreição, desde que se fizesse isso por intermédio
de vocês, seriam incapazes de perceber a gloriosa natureza desse ato? Se o
rapaz tivesse acordado, isso não teria surpreendido a Geazi; pensaria que ele
apenas se sobressaltara depois de um sono muito profundo. Se Deus abençoasse
com a conversão dos pecadores o testemunho daqueles que não acreditam na
depravação total do homem, eles simplesmente diriam: “O evangelho é grande
força moralizadora, e exerce a mais benéfica influência”, mas nunca bendiriam e
engrandeceriam a graça regeneradora pela qual Aquele que está assentado no trono
faz novas todas as coisas. Observem detidamente o que fez Eliseu quando fracassou
em seu primeiro esforço. Quando falhamos numa tentativa, nem por isso devemos
abandonar a nossa obra. Irmão ou irmã, se você não tem tido sucesso até agora,
não é preciso deduzir que não foi chamado para a obra, como tampouco Eliseu
podia ter concluído que não seria possível trazer o menino de volta à vida. A
lição advinda do seu insucesso não é: cesse a obra, mas sim, mude o método. O
que está fora de lugar não é a pessoa; o plano é que não é sábio. Se você não
tem sido capaz de realizar o que pretendia, lembre-se da canção escolar:
“Se falha a primeira vez, tente
outra e repita”.
Entretanto, não
repita, usando o mesmo método, a menos que esteja certo de que é o melhor. Se o
seu primeiro método não obteve bom êxito, terá que aperfeiçoá-lo. Examine-o até
encontrar o ponto em que falhou, e então, mudando o seu modo de agir, ou o seu
espírito, o Senhor pode prepará-lo para um grau de utilidade que ultrapassará
todas as expectativas. Em vez de perder o ânimo quando viu que o menino despertava,
Eliseu cingiu seus lombos e se lançou com maior vigor ao trabalho que o
esperava.
TEM CONTINUAÇÃO.
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