“E, levantando-se, foi para seu pai (...)”
Lucas 15:20
Essa frase expressa
o verdadeiro ponto de inflexão na história da vida do filho pródigo. Muitos
assuntos o conduziram a esse ponto, e antes de chegar a ele, havia muito no
filho pródigo que era muito esperançoso; porém esse foi o momento decisivo e se
nunca houvera chegado a esse ponto, teria permanecido sendo um pródigo e nunca
teria sido o filho pródigo restaurado, e sua vida teria sido uma advertência
mais do que uma instrução para nós. “E, levantando-se, foi para seu pai”. Falando,
como faço, em meio a uma extrema debilidade, devo economizar minhas
palavras; vou direto ao ponto, e peço ao
Senhor que faça com que cada sílaba pronunciada seja poderosa por Seu Espírito
e tenha uma aplicação prática.
I Começaremos advertindo
que AQUI HOUVE AÇÃO: “E, levantando-se, foi para seu pai”. Havendo
experimentado um estado de reflexão, e tendo caído em si, agora deveria
prosseguir e vir a seu pai. Já havia considerado o passado, e o havia posto na balança,
e tinha visto o vazio dos prazeres do mundo; havia visto sua condição em
relação a seu pai e quais eram suas expectativas se ficasse nessa província
afastada; havia refletido sobre o que deveria fazer e qual seria o provável
resultado de sua ação; mas agora que ele havia passado os limites de sua
imprecisão de pensamentos, chegava até a atividade e a implantação do curso da
ação. Quanto tempo passará, queridos leitores, até que vocês façam o mesmo?
Agrada-nos que reflitam; esperamos que um grande ponto seja ganho se forem
conduzidos a considerar seus caminhos, a ponderar sua condição e a olhar sinceramente
para o futuro, pois a irreflexão é a ruína de muitos viajantes que vão rumo a
eternidade, e por seu meio os incautos caem no profundo abismo da segurança carnal
e perecem em seu interior. Mas alguns de vocês foram encontrados entre os
reflexivos” durante o tempo suficiente. Já é momento de passarem para uma etapa
mais prática. É a hora suprema de atuarem. Teria sido muito melhor se já
tivessem atuado, porque no que se refere à reconciliação com Deus, os primeiros
pensamentos são os melhores. Quando a vida de um homem pende por um fio, e o inferno
está justamente em sua frente, seu caminho é claro e uma segunda consideração é
supérflua. O primeiro impulso de escapar do perigo e agarrar-se em Cristo é o
que, se for sábio, deveria fazer. Alguns aos quais me dirijo agora estão
pensando, pensando, e pensando... e temo que fiquem pensando até sua perdição.
Que sejam conduzidos, pela graça divina, a crer, e não só a pensar, pois se não
fosse assim, seus pensamentos se converteriam no verme imperecível de seu
tormento. O filho pródigo havia ultrapassado também a etapa da simples lamentação.
Estava profundamente compungido por ter abandonado a casa de seu pai, lamentava
seu profuso esbanjamento no desenfreio e nas orgias, e deplorava que o filho de
tal pai como o seu se visse desgraçado até chegar a ser um „cuidador de porcos‟
e uma terra estranha. Mas agora passou da lamentação ao arrependimento e ele se
moveu para escapar da condição que o assolava. De que serviriam as lamentações
se continuáramos no pecado? Por todos os meios que podem, levantem as comportas
de sua dor se as águas fizeram dar voltas na roda da ação, mas poderiam muito bem
reservar suas lágrimas se elas não significarem outra coisa além de um inútil
sentimentalismo. De que serve a um homem dizer que se arrepende de sua má conduta
se, todavia, persevera nela? Alegramo-nos quando os pecadores lamentam o pecado e se afligem
pela condição em que o pecado os conduziu, mas não seguem adiante, suas
lamentações somente o prepararão para o remorso eterno. Se o filho pródigo
tivesse ficado parado por causa do desespero ou parvo pela sombria dor, teria
perecido longe da casa paterna, como é de temer-se que muitos perecerão cuja
tristeza pelo pecado os conduz a uma arrogante incredulidade e a um voluntário
desespero em relação ao amor de Deus. Porém ele foi sábio, pois sacudiu a sonolência
de seu desalento e com uma resoluta determinação, “levantando-se, foi para seu
pai”. Oh, vocês que estão tristes, quando serão suficientemente sábios para
fazer o mesmo? Quando seus pensamentos e aflições darão lugar a uma obediência
prática do Evangelho? O filho pródigo
avançou também além da simples resolução. O versículo diz: “Levantar-me-ei” (v.
18) é bom, mas é muito melhor o versículo que diz: “E, levantando-se” (v. 20).
As resoluções são boas, como os botões das flores, mas melhores ainda são as
ações, pois são como os frutos. Alegramo-nos quando ouvimos a resolução de
vocês: “me voltarei para Deus‟‟, mas os anjos no céu não se regozijam por causa
das resoluções, já que eles reservam sua música para os pecadores que efetivamente
se arrependem. Muitos de vocês, como o filho da parábola, disseram: “Sim, Senhor,
eu vou”, porém não foram. Vocês são tão propensos a esquecer como são a
resolver. Cada sermão sincero, cada morte em sua família, cada tom fúnebre por
seu vizinho, cada remorso na consciência, cada visita da enfermidade te dá uma
resolução de emenda, mas suas notas promissórias nunca estão honradas e teu
arrependimento termina em palavras. Sua bondade é como o orvalho, que ao
amanhecer adorna com joias cada folha do chão, porém logo quando o sol ardente
chega sobre o prado, deixa o chão seco e quente. Você ridiculariza seus amigos
e não dá importância à sua alma! Você algumas
vezes já disse nessa casa: “tão pronto chegue a meu quarto me prostrarei”, mas
no caminho de casa você se esquece de que tipo de homem era e o pecado confirma
seu cambaleante trono. Você já não perdeu tempo suficiente? Acaso você já não
mentiu bastante pra Deus? Você não deveria, agora mesmo, largar suas resoluções
e progredir com o solene assunto de sua alma como um homem de sentido comum? Você
está num barco que está afundando e o bote está perto de você, mas sua mera
resolução de entrar nele não te impedirá de naufragar junto com o barco; tão certo
como agora você sabe que é um ser vivo, irá afundar a menos que pule para
salvar sua vida. “E, levantando-se, foi para seu pai”. Agora observe que essa
ação do pródigo foi imediata e sem discussões adicionais. Ele não chegou ao
dono dos porcos e perguntou: “ah, você poderia subir meu salário? Se não puder,
terei que partir”. Se ele tivesse negociado, estaria completamente perdido! Ele
não deu nenhum aviso a seu antigo patrão e cancelou o contrato de trabalho,
fugindo. Queria eu que os pecadores aqui presentes rompessem sua aliança com a
morte e violassem seu pacto com o inferno, escapando até Jesus Cristo para
salvar suas vidas, pois Ele recebe a todos os „fugitivos‟ que assim o fazem.
Não precisamos de nenhuma permissão nem licença para renunciar o serviço do
pecado e de Satanás, nem tão pouco é um assunto que requer uma consideração de
um mês: nesta matéria, a ação instantânea é a mais sábia. Ló não parou para
consultar o rei de Sodoma para saber se podia abandonar seus domínios, nem tão pouco
consultou os oficiais da comunidade para averiguar a conveniência de abandonar rapidamente
seu lar. Com as mãos dos anjos segurando as deles, ele e sua família fugiram da
cidade. Não, uma mulher não fugiu. Olhou para trás e essa olhada lhe custou a
vida! Essa estátua de sal é uma Eloquente admoestação para nós para que evitemos demoras
quando é necessário que fujamos para salvar nossas vidas. Pecadores, você quer
se tornar uma estátua de sal? Vai parar entre duas opiniões até que a ira de
Deus te condene à penitência eterna? Desprezarás a misericórdia até que a
Justiça te fira? Levante-se, homem, e enquanto seu dia de graça continue,
escape para os braços de amor!
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