“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido?” Salmo 22: 1 “E
perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá
sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Mateus 27:46 Contemplamos
aqui ao Salvador submerso nas profundezas de Suas agonias e dores. Nenhum outro lugar como o Calvário
mostra melhor as angústias de Cristo, e nenhum outro momento do Calvário está
tão saturado de agonia como quando esse
clamor rasga o ar: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. A debilidade
física que lhe sobreveio naquele momento pelo jejum e pelos açoites se somou à
aguda tortura mental que experimentou por causa da vergonha e da ignomínia que
teve que suportar. Como culminante da dor, sofreu uma agonia espiritual
inexprimível devido ao desamparo do qual foi objeto por parte de Seu Pai. Essa
foi a negridão e a escuridão de Seu horror. Foi então quando penetrou nas
profundezas das cavernas do sofrimento. Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?”. Nessas palavras de nosso Salvador existe algo que tem sempre o propósito
de nos beneficiar. A contemplação dos sofrimentos dos homens nos afligem e nos
horroriza, mas os sofrimentos de nosso Salvador, ainda que nos movam ao pesar,
estão revestidos de algo doce e cheio de consolação. Aqui, inclusive aqui,
nesse negro local de dor, enquanto contemplamos a cruz, encontramos nosso céu. Esse
espetáculo que poderia ser considerado horroroso, torna ao cristão alegre e
feliz. Se bem lamenta a causa, se alegra devido às consequências.
I.
Primeiro,
em nosso texto, existem
TRÊS PERGUNTAS
para as quais peço sua atenção. A primeira é: Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?‖ por essas palavras devemos entender que, nesse momento, nosso
bendito Senhor e Salvador se encontrava desamparado por Deus de uma maneira que
nunca antes havia estado. Ele tinha combatido com o inimigo no deserto e três vezes
o venceu e o derrubou em terra. Tinha lutado contra esse inimigo durante toda
Sua vida, e inclusive no jardim lutou com ele até sentir que sua alma estava muito
triste. Não é senão até esse momento que experimenta uma profundidade de dor
que não tinha jamais sentido antes. Era necessário que Ele sofresse, no lugar
dos pecadores, justo o que os pecadores deveriam ter sofrido. Seria difícil
conceber o castigo pelo pecado se prescindisse da face franzida da Deidade. Sempre
associamos o crime com a ira, de tal forma que quando Cristo morreu, o justo
pelos injustos, para nos levar a Deus,‖ quando nosso bendito Salvador se
converteu em nosso Substituto, pelo momento se tornou em vítima da justa ira de
Seu Pai, já que lhe foram imputados nossos pecados para que Sua justiça pudesse
nos ser imputada a nós. Foi necessário que experimentasse a perda do sorriso de
Seu Pai, pois os condenados no inferno devem de ter provado essa amargura; e,
portanto, o Pai fechou os olhos de Seu amor, pois a mão da justiça diante do
sorriso de Seu rosto, e deixou que Seu Filho clamasse: Deus meu, Deus meu, por
que me desamparaste?”. Não existe nenhum ser vivente que pudesse explicar o
pleno significado dessas palavras; ninguém poderia fazê-lo nem o céu nem a
terra, e quase acrescentaria que nem o inferno; não existe ninguém que poderia
captar essas palavras em toda a profundeza de sua aflição. Alguns pensam, às vezes,
que nós poderíamos clamar: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”.
Existem estações quando o brilho do sorriso de nosso Pai se vê eclipsado pelas
nuvens e a escuridão. Porém, temos de lembrar que Deus realmente não nos
desampara nunca. Quanto a nós é só um aparente desamparo real. Só Deus sabe
quanto nós lamentamos algumas vezes por causa de uma pequena retirada do amor
de nosso Pai; mas quando Deus aparta realmente Seu rosto de Seu Filho, quem
poderia calcular quão profunda foi a agonia que isso lhe provocou quando
clamou: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. Em nosso caso, esse é o
clamor da incredulidade; em Seu caso, foi a expressão de um fato, pois Deus
tinha se apartado realmente Dele por um tempo. Oh, você, pobre criatura
perturbada, que uma vez viveu sob o brilho do sol do rosto de Deus, mas agora
está em trevas; anda agora no vale da sombra da morte, ouve ruídos e tem medo;
sua alma está sobressaltada dentro de você, e você está sobrecarregado de
terror ao pensar que Deus lhe desamparou! Recorde que Ele não te desamparou
realmente pois “Os montes quando estão envoltos na escuridão, São tão reais
como no dia” O Deus coberto pelas nuvens é tão Deus nosso como quando Ele
brilha com todo o lustre de Sua benevolência, mas posto que só pensamento de
que tenha nos desamparado provoca agonia, qual haveria sido então a agonia do
Salvador quando clamou: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. A
seguinte pergunta é: Por que te alongas do meu auxílio?. Deus ajudou a Seu
Filho até aqui, mas agora Ele tem que pisar sozinho o lagar e nem sequer Seu
próprio Pai pode estar com Ele. Você não sentiu, algumas vezes, que Deus o
conduziu a realizar algum dever, mas que, não obstante, aparentemente não lhe
deu a força para realizá-lo? Não sentiram nunca essa tristeza de coração que os
induz a clamar: Por que te alongas do meu auxílio?. Mas se Deus tem o propósito
de que realizem algo, vocês podem fazê-lo, pois Ele lhes dará o poder. Talvez
seu cérebro vacile, mas Deus ordenou que tem de fazê-lo e vocês o farão. Não
sentiram como se tivessem que continuar inclusive quando a cada passo que vocês
davam sentiam medo de colocar o outro pé por temor de não ter um firme apoio? Se tiveram qualquer experiência das coisas
divinas, tem de ter acontecido isso com vocês. Dificilmente poderíamos
adivinhar o que foi que nosso Salvador sentiu quando disse: Por que te alongas
do meu auxílio?. A Sua obra é uma obra que ninguém senão uma Pessoa Divina
poderia realizar, e, no entanto, os olhos de Seu Pai olhavam para outro lado, mas
não para Ele! Com algo mais que os trabalhos hercúleos a Sua frente, mas sem
que nada do poder do Pai lhe houvesse sido dado, qual não terá sido a tensão
que se cingia sobre Ele! Certamente,
como disse Hart “Suportou tudo o que o Deus encarnado podia suportar, Com a
força suficiente, e nada que poupar”. A terceira pergunta é: Por que te alongas
das palavras do meu bramido?. A palavra
traduzida aqui como bramido‖ quer dizer, no idioma hebreu original, esse profundo
e solene gemido que é provocado por alguma séria enfermidade, e que é expresso
por homens que sofrem muito. Cristo compara Suas orações com esses gemidos, e
se queixa que Deus está tão longe Dele que não lhe ouve. Amados, muitos de nós
podemos nos identificar aqui com Cristo. Quantas vezes lhe temos pedido algum
favor a Deus de joelhos, e pensávamos que pedíamos com fé, mas não houve
nenhuma resposta! Voltamos a nos colocar de joelhos. Houve algo que deteve a
resposta; e com lágrimas em nossos olhos, lutamos de novo com Deus e suplicamos
por meio de Jesus, porém os céus
pareciam de bronze. Na amargura de nosso espírito clamamos: é possível que haja
um Deus?. E temos dado a volta dizendo:
Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas das
palavras do meu bramido?‖ Assim tu eres? Desdenhas alguma vez o pecador? Acaso
não disseste: Clames e os abrirá? Estás resistente a ser amável? Reténs Tua promessa?‖
e quando temos estado a ponto de nos render tendo aparentemente tudo contra
nós, acaso não temos gemido, e não temos dito:
Por que te alongas das palavras do meu bramido?‖ ainda que saibamos algo,
não é muito o que podemos entender verdadeiramente a respeito dessas terríveis
dores e agonias que nosso bendito Senhor suportou quando fez essas três
perguntas: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do
meu auxílio e das palavras do meu bramido?
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