Um dos maiores crimes cometidos pela presente geração
cristã é a sua negligência para com o evangelho, e uma negligência tal, que
todas as nossas mazelas surgem.
O mundo perdido não é tão endurecido para com o evangelho
quanto é ignorante dele porque muitos daqueles que o proclamam também são
ignorantes quanto às suas verdades mais básicas.
Os temas essenciais que compõem o núcleo do evangelho
a justiça de Deus,
a depravação radical do homem, a expiação pelo sangue, a natureza da verdadeira
conversão e a base bíblica para a certeza estão ausentes de muitos púlpitos.
As igrejas reduzem a mensagem do evangelho a algumas
afirmações de credo, ensinam que a conversão é uma mera decisão humana e
pronunciam a certeza da salvação a qualquer um que faça a oração do pecador.
O resultado desse reducionismo do evangelho é abrangente.
Primeiro, ele endurece ainda mais o coração do não
convertido. Poucos dos “convertidos” modernos sequer chegam a fazer parte da
comunhão da igreja, e aqueles que o fazem frequentemente se desviam ou têm uma
vida marcada pela carnalidade.
Incontáveis milhões
andam por nossas ruas e se sentam nos bancos das nossas igrejas inalterados
pelo verdadeiro evangelho de Jesus Cristo, convencidos ainda de sua salvação
porque uma vez em suas vidas levantaram a mão em uma cruzada evangelística ou
repetiram uma oração.
Essa falsa sensação
de segurança cria uma grande barreira que os impede de jamais ouvirem o
verdadeiro evangelho.
Segundo, tal evangelho deforma a igreja, que vai de um
corpo espiritual de crentes regenerados a um ajuntamento de homens carnais que
professam conhecer a Deus, mas que por suas obras o negam.
Com a pregação do verdadeiro evangelho, homens vêm à
igreja sem precisar de entretenimento evangelístico, atividades especiais ou
promessas de benefícios além dos oferecidos pelo evangelho.
Aqueles que vêm o fazem porque desejam a Cristo e estão
famintos por verdade bíblica, adoração sincera e oportunidade para servir.
Quando a igreja proclama um evangelho inferior, ela se
enche de homens carnais que têm pouco interesse nas coisas de Deus, sendo a
manutenção de tais homens um fardo pesado sobre a igreja.
A igreja então atenua as demandas radicais do evangelho em
um moralismo conveniente, e a verdadeira devoção a Cristo dá lugar a atividades
projetadas para suprir as necessidades de seus membros.
A igreja se torna uma igreja baseada em eventos, em vez de
centrar-se em Cristo, e cuidadosamente filtra ou repagina a verdade para que
não ofenda a maioria carnal.
A igreja deixa de lado as grandes verdades da Escritura e
o cristianismo ortodoxo, tornando o pragmatismo (i.e., qualquer coisa que
mantenha a igreja avançando e crescendo) a norma do dia.
Terceiro, tal evangelho minimiza evangelismo e missões a
nada mais do que empreendimentos humanistas dirigidos por engenhosas
estratégias de marketing, que são baseadas em um estudo cuidadoso da última
moda.
Após testemunharem por anos a impotência do evangelho
antibíblico, muitos evangélicos parecem estar convencidos de que o evangelho
não funcionará e que o homem de alguma forma se tornou um ser muito complexo
para ser salvo ou transformado por uma mensagem tão simples e escandalosa.
Há agora mais ênfase em entender nossa cultura decaída e
seus modismos do que em entender e proclamar a única mensagem que tem poder de
salvá-la.
Como resultado, o evangelho é constantemente repaginado
para corresponder às demandas que a cultura contemporânea considera mais
relevantes.
Esquecemo-nos que o
verdadeiro evangelho sempre é relevante a todas as culturas porque é a palavra
eterna de Deus para todo homem.
Em quarto lugar, tal evangelho traz descrédito ao nome de
Deus.
Pela proclamação de
um evangelho inferior, os carnais e os não convertidos se achegam à comunhão da
igreja e, graças à quase total negligência à disciplina bíblica da igreja, lhes
é permitido que permaneçam sem correção ou reprovação.
Isso suja a pureza e a reputação da igreja e faz com que
nome de Deus seja blasfemado entre os incrédulos.
No fim, Deus não é
glorificado, a igreja não é edificada, o membro de igreja não convertido não é
salvo e a igreja tem pouco ou nenhum testemunho para o mundo incrédulo.
O
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