Eis o segredo da terra
prometida:
pensamos que a idéia de um "reino
de sacerdotes" é exclusivamente neotestamentária, mas este era o plano
original de Deus para Israel! "Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao
povo, e purifica-o hoje e amanhã. Lavem eles as suas vestes, e estejam prontos
para o terceiro dia: porque no terceiro dia o Senhor à vista de todo o povo,
descerá sobre o monte Sinai. (...) Quando soar longamente a buzina, então,
subirão ao monte." (Êxodo 19.10,11,13b)
A primeira geração de israelitas não alcançou a terra prometida, a verdadeira
causa de seu fracasso pode ser encontrada ali ao pé do Monte Sinai. Deus
pretendia que todos os israelitas se achegassem a Ele no monte, mas eles não se
sentiram bem com a idéia. "Todo o povo presenciou os trovões e os
relâmpagos, e o clangor da trombeta, e o monte fumegante: e o povo, observando,
se estremeceu e ficou de longe. Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos;
porém não fale Deus conosco, para que não morramos. Respondeu Moisés ao povo:
Não temais; Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de
vós, afim de que não pequeis. O povo estava de longe em pé; Moisés, porém, se
chegouà nuvem escura onde Deus estava." (Êxodo 20.18-21.) Eles viram os relâmpagos,
ouviram os trovões e recuaram atemorizados. Eles fugiram da presença de Deus,
ao invés de buscá-La, como Moisés fez. O estilo de liderança escolhido por Deus
não os agradou: o Todo-Poderoso não
"amenizou" a manifestação de Seu poder para agradá-los, nem tampouco
fará isto hoje. Eles fugiram da intimidade com o Senhor e, como conseqüência,
não entraram na terra prometida. Vagaram pelo deserto, até que fosse exterminada
aquela geração. Preferiram um respeito à distância a um relacionamento íntimo. A
morte da primeira geração de israelitas no deserto não estava no plano original
de Deus. Ele queria conduzir o mesmo povo que tirou da terra da escravidão até
a terra prometida. Ele queria que Sua nova nação se apossasse de sua própria
terra e herança, mas isto não foi possível por causa do medo e da incredulidade
deles. Já estavam sentenciados quando atravessaram o Jordão, e tudo começou quando
se afastaram da presença de Deus no Monte Sinai. Foi ali que fugiram de Deus e
pediram que Moisés intermediasse este relacionamento. A Igreja tem padecido do
mesmo mal. Geralmente, preferimos que um homem se coloque entre nós e Deus. As raízes
deste medo percorrem o caminho de volta ao Jardim do Éden. Adão e Eva se
esconderam, temerosos e envergonhados, enquanto Deus esperava por uma doce
comunhão.
Vamos fugir ou
entrar?
Agora, observe sua Igreja.
Posso garantir com certa segurança que alguns na congregação estão aí
"desde o começo". Outros vieram poucos meses depois ou muitos anos
mais tarde, e alguns são novos convertidos. Não importa, hoje Deus conduz todos
vocês ao monte. Vocês, que "não eram povo", foram feitos povo. Deus
os tirou da escravidão do pecado. Alguns foram tirados de relações impróprias,
outros foram arrancados do jugo do alcoolismo ou das drogas, outros foram
libertados da miséria, depressão crônica e outras escravidões infernais. Mas
aqui estamos, ao pé do monte do Senhor, ouvindo Seu chamado para que nos
acheguemos. Agora, enfrentamos o mesmo desafio dos filhos de Israel há milhares
de anos atrás: Vamos fugir ou entrar? Entrar aonde? Na presença de Deus. Há uma
ansiedade e uma expectativa na Igreja hoje. E provável que você, assim como eu,
possa sentir que "não estamos muito longe". Alguns estudiosos dizem
que, passado o Monte Sinai, bastava uma marcha de poucos dias para alcançar a
terra prometida. O que os fez demorar tanto? Sua resistência em se achegar a
Deus. O medo da intimidade semeou o medo do inimigo. Posso dizer o mesmo a respeito
de muitas igrejas hoje e sinto que estamos em uma encruzilhada. Acreditamos
estar longe demais para voltar ou muito cansados para prosseguir viagem. A
questão é: O que Deus diz? Creio que a vontade do Senhor é que tomemos
consciência de onde estamos, busquemos Sua face e recebamos o que Ele tem para
nossa vida hoje. Você e eu vamos fazer duas coisas daqui para frente:
1. Vamos crescer no relacionamento
com Deus, custe o que custar, ou
2. Vamos voltar para o lugar
de onde viemos e continuarmos a ser aqueles crentes viciados em programações,
reuniões e sessões, fazendo tudo que pessoas de bem, como nós, devem fazer? Se
decidirmos equivocadamente, um dia vamos lamentar: "Aquele era o
tempo."Não sei quanto a você, mas quanto a mim, não quero envelhecer e olhar
com arrependimento para o passado, dizendo: "Bons tempos aqueles..."
E por que eu faria isto, quando posso viver o agora com Deus? Posso
experimentar o que Ele tem para mim a cada instante. Se ousarmos seguir Deus
hoje, ao olharmos para trás diremos: "Oh, sim, eu me lembro daqueles anos,
foram antes do avivamento...”.
Nosso futuro depende de
nossa visão.
Nosso futuro vai depender de
nossa visão agora, este é o tempo da decisão. Se nossa visão for: "Estamos
satisfeitos com nosso trabalho até aqui", então continuaremos fazendo as mesmas
coisas de hoje. Mas, se ousarmos dizer: "Obrigado Senhor... mas onde está
o resto? Tem que haver mais! Mostre-nos Sua glória!", nosso futuro será
totalmente diferente. Satanás tem obtido "bons resultados" ao fazer
os crentes cruzarem falsas linhas de chegada. Ele trabalha incansavelmente para
isto. Corremos poucos quilômetros e dizemos: "Conseguimos!" Ele se
delicia ao nos ver sentados no acostamento. E, então, percebemos, no último
momento, que a linha de chegada está mais adiante. O apóstolo Paulo sabia do
que estava falando:
"...esquecendo-me das
cousas que para trás ficam e
avançando para as que adiante
de mim estão, prossigo para o
alvo, para o prêmio da
soberana vocação de Deus em Cristo
Jesus." (Filipenses 3.13b,14)
Precisamos tirar lições do
que aconteceu no Monte Sinai. Foi ali que os israelitas construíram um
tabernáculo de acordo com as instruções que Deus deu a Moisés. Foi no Monte
Sinai que Deus revelou a Moisés Sua lei e os Dez Mandamentos. Porém, outros fatos,
igualmente importantes, aconteceram: foi naquele lugar que um bezerro de ouro, destinado
à idolatria, foi criado. Em primeiro lugar, Deus revelou Sua intenção de lidar
com o povo de forma direta e pessoal. Até então, era Moisés quem relatava ao
povo tudo que Deus dizia. Aquele era, pois, um tempo de transição, um período
em que Deus estava dizendo: "Tudo bem, é hora de crescer. De agora em
diante, quero tratar com vocês diretamente, como uma nação de sacerdotes. Não
quero intermediários. Amo Moisés, mas não quero ficar falando com vocês através
dele. Quero falar diretamente com vocês, como Minha nação, Meu povo". Ainda
existem muitos "bebês de colo" nos bancos das igrejas Infelizmente, o
problema dos israelitas repete-se hoje em dia. Os cristãos estão tão
acostumados a unção, boas pregações e bom ensino, que muitos se comportam como crianças
de peito. Querem sentar-se em bancos acolchoados, em templo com ar-condicionado,
onde alguém possa mastigar o que Deus tem a dizer e colocar em suas boquinhas.
Têm medo de se engasgarem com aquelas mensagens "duras demais". Seu
aparelho digestivo é muito frágil e não está acostumado à dura verdade! Quando
estivermos realmente famintos e desesperados, não precisaremos de
"intermediários". Temos que orar: "Deus, estou cansado de
assistir à experiência dos outros com o Senhor! Onde está a chave do meu quarto
de oração? Vou ficar trancado ali até que, eu mesmo, possa
experimentá-Lo!" Fazemos bem em ler a Palavra, sem dúvida, é muito
importante. Mas precisamos lembrar que a Igreja Primitiva não teve acesso, por
muitos anos, ao que chamamos de Novo Testamento. E nem mesmo possuía as Escrituras
do Antigo Testamento, porque os pergaminhos ficavam trancados nas sinagogas.
Partes da Lei, dos Salmos e dos Profetas, transmitidos oralmente por seus avós
(se fossem judeus), eram as únicas Escrituras de que dispunham. O que eles
tinham, afinal? Intimidade com Deus em um nível tão enriquecedor, que não havia
necessidade de se debruçarem sobre antigas epístolas. As cartas de amor de Deus
estavam sendo impressas em seus próprios corações: eles se tornaram
"cartas vivas" (Minhas afirmações, aqui, não significam que eu pense
que a Bíblia seja desnecessária ou irrelevante. Não penso que Ela seja nada
menos que a ungida e infalível Palavra de Deus. Meu propósito é alertar os
cristãos contra a prática de ler a Bíblia sempre sob uma perspectiva passada:
"Veja o que Deus fez antigamente, com aquele povo! Pena que Ele não aja
assim hoje." A Palavra de Deus nos conduz a algo muito maior ao Deus da Palavra.
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