sábado, 18 de maio de 2013

JÓ E SEUS AMIGOS-PARTE-09-ULTIMA PARTE.






Se o leitor confrontar um momento com Hebreus 12: 3:12 ("Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos. Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado, E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando, por ele, fores repreendido; Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além do que tivemos os nossos pais, segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos, muito mais, ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam, como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de justiça, nos exercitados por ela. Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados."), achará muitas instruções preciosas acerca do tema dos caminhos de Deus com Seu povo. Não é o nosso propósito deter-nos nesta passagem, senão simplesmente fazer notar que a mesma representa três maneiras diferentes em que podemos receber o castigo da mão do nosso Pai. Em primeiro lugar, podemos "menosprezar" a disciplina, tomando-a como se a mão e a voz do Pai não interviessem no assunto. Em segundo lugar, podemos "desmaiar" sob a disciplina, como se fosse intolerável, e não o precioso fruto do seu amor. E por último, podemos ser "exercitados" por meio dela, e assim recolher, ao seu tempo, os "pacíficos frutos de justiça". Agora bem, se o nosso patriarca tão só tivesse compreendido o brilhante fato de que Deus estava concretizando os Seus desígnios para com ele; que o estava provando para seu proveito ulterior; que empregava as circunstâncias, os homens, os sabeus e ao mesmo Satanás como instrumentos em Suas mãos; se tivesse compreendido que todas suas provas, a perda de tudo quanto possuía, suas desgraças e seus padecimentos, não eram outra coisa senão as operações maravilhosas de Deus para concretizar seus sábios e misericordiosos desígnios, e que Ele queria seguramente aperfeiçoar coisas que considerava necessárias em seu querido e muito amado servo porque para sempre é a sua misericórdia—; numa palavra, se Jó tão só tivesse apartado do seu olhar todas as circunstâncias e causas secundarias, e tivesse fixado seus pensamentos nada mais do que no Deus vivo, e aceito todo como proveniente da Sua benévola mão, teria certamente obtido mas rapidamente a divina solução de todas suas dificuldades. Este é precisamente o grande obstáculo contra o qual de ordinário nos espatifamos. Todo em nossa mente gira em torno aos homens e as circunstâncias. Não vemos mais que isso e sua incidência em nós. Não caminhamos com Deus através ou, melhor, por cima das circunstâncias, senão que, antes bem, permitimos que elas nos dominem. Em vez de ver a Deus entre nós e as circunstâncias, deixamos que elas se interpunham entre Deus e nós, velando-o assim dos nossos olhos. Deste modo perdemos o sentido de Sua presença, a luz de Sua face e a santa tranqüilidade de estas em Suas amantes mãos e sob o Seu paternal olhar. Viramos queixosos, impacientes, irritáveis e criticadores. Nos distanciamos cada vez mais de Deus, da comunhão com Ele; caímos em todo tipo de erros, julgando a tudo menos a nós mesmos, até que, finalmente, Deus nos toma da mão e, mediante o Seu direto e poderoso ministério, nos traz de volta a Ele em verdadeira contrição de coração e humildade de mente. Este é o "fim do Senhor". Devemos concluir este artigo. Com muito prazer nos estenderíamos mais sobre o bendito ministério de Eliú. Com prazer e proveito poderíamos citar as suas outras apelações ao coração e à consciência de Jó, seus cortantes argumentos e as suas incisivas perguntas. Mas devemos deixar que o leitor medite por si mesmo os capítulos restantes. Quando o hajamos realizado, veremos que tão pronto como Eliú termina o seu ministério, Deus mesmo começa a tratar diretamente com a alma do Seu servo (capítulos 38-41). Com o objeto de fazer sentir a Jó a sua própria insignificância, Deus apela às obras da Criação que mostram Seu poder e sabedoria. Não é a nossa intenção extrair fragmentos de uma das partes mais sublimes e magníficas do inspirado cânon. Estas passagens devem ser lidas no seu conjunto. Não necessitam nenhuma explicação. O único que poderia fazer o dedo do homem é obscurecer seu brilho. A sua claridade só pode ser igualada a sua grandeza moral. Todo o que queremos fazer é simplesmente chamar a atenção ao poderoso efeito produzido no coração de Jó através do ministério mais maravilhoso que possa ter ouvido jamais um mortal, a saber, o ministério direito do mesmo Deus vivente. Este efeito foi triplo. Tocava a Deus, a Jó mesmo e aos seus amigos; três pontos nos que precisamente estava tão completamente errado. No que se refere a Deus, Eliú havia sinalado o erro de Jó em estas palavras: "34 Jó falou sem ciência; e às suas palavras falta prudência. Pai meu! provado seja Jó até ao fim, pelas suas respostas, próprias de homens malignos. Porque ao seu pecado acrescenta a transgressão; entre nós bate as palmas, e multiplica contra Deus as suas razões. (...) 45 Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido." (34:35-37; 45:2). Note-se a mudança aqui. Dê ouvidos aos suspiros de um espírito verdadeiramente arrependido, às breves expressões embora completas de um juízo retificado: "Então respondeu Jó ao Senhor, e disse: Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido. Quem é aquele, dizes tu, que, sem conhecimento, encobre o conselho? Por isso falei do que não entendia; coisas que para mim eram maravilhosíssimas, e que eu não compreendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu ensina-me. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos." (42:1-5).
Retratação de Jó
Aqui, então, começa a retratação de Jó. Todas suas anteriores declarações acerca de Deus e dos Seus caminhos ele as assinala agora como "palavras sem entendimento". Que confissão! Que momento na vida de um homem quando este descobre que tinha estado sumido completamente no erro! Que notável mudança! Que profunda humilhação! Nos faz lembrar a Jacó quando foi tocado no sítio da juntura da coxa, e teve que aprender assim a sua absoluta debilidade e insignificância. Estes são momentos transcendentais na história das almas; épocas esplêndidas, que deixam,  em todo o ser moral e no caráter, uma pegada indelével. Quando um começa a ter pensamentos corretos acerca de Deus, então começa a julgar corretamente todas as coisas. Se os meus juízos acerca de Deus são inexatos, também o serão os que tenha de mim mesmo, dos meus semelhantes e acerca de tudo. Nisto estribava o problema de Jó. Seus novos pensamentos acerca de Deus geraram de imediato nele novos pensamentos acerca de si mesmo. Sua elaborada apologia da sua própria justificação, seu apaixonado egotismo, a sua veemente satisfação e regozijo de si mesmo, os espaçosos argumentos em favor de si mesmo, tudo foi feito de lado; tudo ficou eclipsado pelo brilho destas quatro lacônicas palavras: "Eis que sou vil" (40:4). E o que devia ser feito com este eu vil? Falar acerca dele? Elogiá-lo? Ocupar-nos dele? Deliberar sobre ele? Providenciar os seus desejos? De maneira nenhuma: "Me abomino" (40:6). Este é o verdadeiro terreno no que todos nós devemos nos guardar. A Jó lhe custou muitíssimo tempo alcançá-lo, e o mesmo pode nos custar a muitos de nós. Muitos dentre nós acreditam ter conseguido acabar com o eu quando deram um assentimento nominal à doutrina da corrupção humana ou julgaram algumas traças da mesma que se manifestavam na conduta externa. Mas, ai!, é de se temer que pouquíssimos dentre nós conheçamos realmente a plena verdade acerca de nós mesmos. Uma coisa é dizer: "Nós somos vis", e outra muito diferente exclamar com humilhação, desde o profundo do coração: "Eu sou vil". Isto último só pode ser conhecido e experimentado na forma habitual na imediata presença de Deus. As palavras "agora te vêem os meus olhos" e "por isso, me abomino", sempre vão juntas. Quando a luz do que Deus é ilumina meu entendimento acerca do que eu sou, me abomino a mim mesmo; o aborrecimento próprio é então uma coisa real. Não é de palavra nem de língua, senão de fato e em verdade. Se manifestará em uma vida de renuncia própria, num espírito humilde, numa mente submissa e num caminhar na graça através das cenas pelas quais somos chamados a transitar. De pouco vale professar pensamentos vis acerca do eu quando, ao mesmo tempo, somos prontos a ressentir-nos de qualquer menosprezo que nos façam; a ofender-nos de qualquer insulto imaginário, de qualquer menoscabo ou detração. O verdadeiro segredo para ter um coração quebrantado e contrito consiste em permanecer na presença de Deus, e então seremos capazes de conduzir-nos retamente para com todos aqueles com quem nos relacionamos. Assim, vemos que tão pronto como Jó endireitou seus pensamentos acerca de Deus e de si mesmo, também fez o mesmo acerca dos seus amigos, pois aprendeu a orar por eles. Sim, ele conseguiu orar pelos "consoladores molestos" e pelos "médicos nulos" (13:4); pelos mesmos homens com quem havia mantido tão longas disputas com tanto inteireza e veemência. "E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos" (42:10). Isto é de uma grande beleza moral. É perfeito. É o fruto singular e delicado da primorosa tarefa divina. Nada pode ser mais comovedor que ver os três amigos de Jó mudando a experiência, a tradição e a legalidade por um precioso "holocausto", e ver o nosso querido patriarca trocando as suas amargas invectivas por uma grata oração de amor. Em resumidas contas, temos ante nós uma cena que surpreende a alma por completo. Tudo está mudado; os litigantes estão como no pó diante de Deus e nos braços uns dos outros. A contenda chegou ao seu fim; a guerra de palavras terminou; e, no seu lugar, temos as lágrimas do arrependimento, o grato cheiro do holocausto e o abraço do amor. Que magnífica cena! Fruto precioso do ministério divino! Que falta? Que mais é necessário? Que mais podemos agregar se Deus colocou a última pedra deste precioso edifício? E vemos também que não há carências de natureza nenhuma, pois lemos: "e o Senhor acrescentou a Jó outro tanto, em dobro, a tudo quanto dantes possuía." (42:10). Mas, como se logrou isto? Com que recursos? Foi acaso pela própria industria independente de Jó e pela sua habilidosa administração? Não, tudo está mudado. Jó se encontra moralmente num novo terreno. Ele tem novos pensamentos acerca de Deus, acerca de si mesmo, dos seus amigos e de todas as suas circunstâncias; numa palavra, todas as coisas são feitas novas. "Então vieram a ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele pão em sua casa, e se condoeram dele, e o consolaram de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado; e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro, e cada um pendente de ouro. E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; porque teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois, e mil jumentas. Também teve sete filhos e três filhas. E chamou o nome da primeira Jemima, e o nome da outra Cássia, e o nome da terceira Keren-hapuch. E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos. E, depois disto, viveu Jó cento e quarenta anos; e viu a seus filhos, e aos filhos dos seus filhos, até à quarta geração. Então morreu Jó, velho e farto de dias." (42:11-17).

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