segunda-feira, 8 de abril de 2013

JÓ E SEUS AMIGOS---PARTE---05






Por esta razão, os três amigos não puderam persuadir Jó. Seu ministério era de uma natureza parcial e, em vez de fechar a boca de Jó, só conseguiram levá-lo a um campo de discussão que parecia interminável. Jó, então, não deixa de lhes responder palavra por palavra, e de agregar muitas mais: "Na verdade, que só vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria. Também eu tenho um coração como vós, e não vos sou inferior; e quem não sabe tais coisas como estas?" (12:2-3). "Vós, porém, sois inventores de mentiras, e, vós todos, médicos que não valem nada. Oxalá vos calásseis de todo, que isso seria a vossa sabedoria!" (13:4-5). "Tenho ouvido muitas coisas como estas, todos vós sois consoladores molestos. Porventura não terão fim estas palavras de vento? Ou que te irrita, para assim responderes? Falaria eu, também, como vós falais, se a vossa alma estivesse em lugar da minha alma? Ou amontoaria palavras contra vós e menearia contra vós a minha cabeça?" (16:2-4). "Até quando entristecereis a minha alma, e me quebrantareis com palavras? Já dez vezes me envergonhastes; não tendes vergonha de contra mim vos endurecerdes? (...) Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me tocou." (19:2-3, 21). Todas estas expressões demonstram que Jó estava longe de ter esse espírito quebrantado e essa atitude humilde que surgem como resultado de estar na presença de Deus. Sem dúvida, seus amigos estavam errados, completamente errados em suas noções acerca de Deus tanto quanto em suas maneiras de tratar com Ele. Mas seus erros não justificavam a Jó. Se a sua consciência tivesse estado na presença de Deus, ele não teria respondido aos seus amigos, ainda quando o seu erro tivesse sido mil vezes maior e a sua maneira de tratá-lo, mil vezes mais severa. Teria inclinado a cabeça com humildade e permitido que a maré das repreensões e acusações o atropelasse. Teria se beneficiado com a mesma severidade dos amigos ao considerá-la como uma disciplina saudável para o seu coração. Mais não; Jó ainda não tinha conseguido acabar consigo mesmo. Se justificava a si mesmo, proferia invectivas contra os seus semelhantes e estava cheio de pensamentos errados acerca de Deus. Necessitava outro ministério que o conduzisse a uma atitude correta da alma diante de Deus. Quanto mais detidamente estudamos as extensas discussões que se sucederam entre Jó e os seus amigos, com maior claridade advertimos a impossibilidade de que eles alguma vez se entendessem. Jó estava determinado a justificar-se a si mesmo; enquanto que os seus amigos tentavam por todos os meios de culpá-lo. Ele permanecia inquebrantável, e o tratamento errados dos seus amigos só conseguiu endurecer ainda mais a sua posição. Se tanto ele quanto seus amigos tivessem adotado uma outra atitude, as coisas teriam sido completamente diferentes. Se Jó se tivesse condenado a si mesmo, se tivesse assumido uma posição humilde, se tivesse considerado que não era nada nem ninguém, não haveria dado espaço a que seus amigos dissessem nada. E se, por outra parte, eles se tivessem dirigido a ele com suavidade, com ternura e com doçura, teriam mais possibilidades de amolecer seu coração. Como estavam dadas as coisas, não se vislumbrava saída alguma. Jó não podia ver nada de mau em si mesmo; seus amigos não podiam ver nada de bom nele. Ele estava firmemente decidido a manter a sua integridade; eles, porém, a remover até achar manchas e defeitos. Na havia nenhum tipo de aproximação entre eles, nenhuma base em comum sobre a qual se entenderem. Jó não mostrava indícios de arrependimento; eles não tinham nenhuma compaixão dele. viajavam em direções opostas e, por tanto, jamais poderiam encontrar-se. Concretamente, faltava um ministério de uma natureza completamente diferente; e este ministério é introduzido na pessoa de Eliú.
O acertado ministério de Eliú
"Então aqueles três homens cessaram de responder a Jó; porque era justo aos seus próprios olhos. E acendeu-se a ira de Eliú, filho de Baraqueel, o buzita, da família de Ram: contra Jó se acendeu a sua ira, porque se justificava a si mesmo, mais do que a Deus. Também a sua ira se acendeu contra os seus três amigos: porque, não achando que responder, todavia condenavam a Jó" (32:1-2). Eliú, com uma lucidez e um vigor extraordinários, vai direito ao centro do problema em cada uma das partes. Resume, em duas breves sentenças, as extensas discussões que abarcaram 29 capítulos. Jó se justificava a si mesmo em vez de justificar a Deus; seus amigos, por outra parte, o tinham condenado em vez de guiá-lo ao julgamento de si mesmo. É de transcendental importância moral ver que quando nos justificamos a nós mesmos, condenamos a Deus; em tanto que, quando nos condenamos, O justificamos a Ele. "A sabedoria é justificada por todos os seus filhos" (Lucas 7:35). Esta é uma grande verdade. O coração realmente contrito e quebrantado reivindicará a Deus custar o que custar. "Sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado nas tuas palavras, e venças quando fores julgado" (Romanos 3:4). Deus, finalmente, haverá de sair vitorioso, e lhe dar a Ele a primazia agora, é o caminho da verdadeira sabedoria. Tão pronto como a alma é humilhada mediante o reto juízo de si mesma, Deus, com toda a majestade de Sua graça, se apresenta ante ela como Justificador. Mas entretanto sejamos governados por um espírito de justificação própria e de auto-satisfação, desconheceremos por completo a sublime bem-aventurança do homem a quem Deus lhe imputa justiça sem obras. A maior insensatez da que nós podemos sermos culpados é a de justificarmos a nós mesmos; já que Deus, em tal caso, deverá imputar-nos pecado. Mas a verdadeira sabedoria consiste em condenar-se totalmente a si mesmo, pois deste modo Deus se torna Justificador. Mas Jó ainda não havia aprendido a caminhar por esta senda maravilhosa e bendita. Ainda estava revestido de sua própria justiça. Ainda achava plena complacência em si mesmo. Por isso Eliú se acendeu de ira contra ele. A ira haverá de cair com certeza sobre a própria justiça. Não poderá ser de outra maneira. O único terreno legítimo para o pecador e o de um sincero arrependimento. Ali não se encontra mais que a pura e preciosa graça que reina "pela justiça mediante Jesus Cristo, Senhor nosso". Nela permanece impassível por sempre. À própria justiça não lhe espera outra coisa senão a ira; mas ao eu julgado, só a graça. Querido leitor, lembre-se disto. Detenha-se uns instantes e considere. Em que terreno você se encontra? Tem se inclinado ante Deus com um verdadeiro arrependimento? Tem se medido em verdade alguma vez em Sua santa presença? Ou se encontra no terreno da sua própria justiça, da sua justificação pessoal e da sua auto-satisfação? Lhe rogamos encarecidamente que sopese estas solenes perguntas. Não as desconsidere. O nosso desejo é chegar ao coração e à consciência do leitor. Não apontamos meramente ao seu entendimento, a sua mente ou ao seu intelecto. Sem dúvida, é bom tentar iluminar o entendimento pela Palavra de Deus; mas lamentaríamos profundamente se todo o nosso trabalho tivesse que acabar ali. Há muito mais do que isso. Deus quer operar no coração, na alma, no homem interior. Ele quer nos ter diante dEle em nosso real estado. De nada vale que edifiquemos a nossa própria opinião; pois nada pode ser mais seguro do que o fato de que toda a nossa obra, construída com tais materiais, será demolida. O dia do Senhor estará contra toda exaltação e altivez; é sábio, pois, ocupar agora uma posição humilde e ter um coração culpado, já que, quando somos humildes, apreciamos com a maior claridade a Deus e a sua salvação. Que o leitor penetre, com o poder do Espírito, na realidade de todas estas coisas! Que todos lembremos que Deus se deleita em ver um espírito contrito e quebrantado, e que Ele sempre encontra Sua morada com os tais, mas ao altivo olha desde longe! Assim sendo, podemos entender por que a ira de Eliú se acende contra Jó. Ele estava do lado de Deus. Jó, porém, não. Não ouvimos falar a Eliú senão até o capítulo 32, embora é de tudo evidente que tinha sido um ouvinte atento durante toda a discussão. havia prestado ouvidos pacientemente às duas partes, achando que ambas estavam erradas. Jó fez mal em tratar de se defender; seus amigos, em tratar de condená-lo.

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